O Ministério da Saúde atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, elevando em mais de 90% o número de diagnósticos possíveis. Entre elas, destacam-se transtornos mentais como Síndrome de Burnout, ansiedade, depressão e tentativa de suicídio. Por quê? Um estudo da Conexa mostra que, em uma amostra de 1.589 pessoas, 87% registraram afastamento por saúde mental em 2023. No estudo Sonhos Brasileiros realizado pelo Grupo Croma com 1.000 brasileiros, saúde e bem-estar do corpo, da mente e das emoções lideram a lista de sonhos para 2024 com 90% das menções, comparado a 30% de sonhos com a política.

Esses dados mostram que o cuidado com o indivíduo, especialmente em relação a doenças consideradas mais estigmatizadas como aquelas relacionadas à saúde mental, é fator primordial para qualquer empresa de qualquer porte.

Líderes estão extremamente sob pressão e longe de estarem isentos dos males relacionados à saúde mental. Por um lado, são cobrados por metas financeiras; por outro, por serem inspiradores para suas equipes e criarem ambientes de escuta e conforto. Enquanto metas de saúde mental não estiverem no mesmo patamar de importância das metas financeiras nada mudará. Ao contrário, a situação pode ficar pior em função de uma cobrança que os líderes não possuem, como, na maioria das vezes, recursos, técnicas ou habilidades para criar ações de melhoria do clima organizacional.

Empresas e marcas que caminham nesta direção de equilíbrio criam um halo positivo e contagiante, não só em lugares considerados ótimos para trabalhar, mas também em ganhos como marca empregadora e avaliação de satisfação com clientes. Empresas que insistem em modelos ultrapassados de atuação não inovam, não criam, não comunicam e não vivenciam valores essenciais da cultura organizacional, os quais muitas vezes estão meramente estampados em um bonito quadro na parede. Limitam-se, assim, ao que elas próprias desejam falar ao “mercado”, mas se esquecem de que a empresa é feita de pessoas.

Um bom exemplo disso é a cobrança de valores como “senso de dono”: como alguém que não é dono, não é acionista e não recebe bônus pode se sentir dono de algo? É um poder de abstração que ignora a condição na qual aquela pessoa vive e trabalha, seus dramas pessoais, dificuldades e potencialidades.

Fiz uma lista de 10 dicas para líderes e equipes serem mais saudáveis em 2024.

1. Invista em qualidade de vida: modelos híbridos, benefícios flexíveis e ambientes acolhedores e humanos são facilitadores para a melhor expressão de cada um.
2. Promova genuinamente a diversidade: comece pela diversidade de modelos mentais. Inovação floresce na divergência propositiva de ideias. Apoie formalmente comitês e grupos temáticos que gerem pertencimento.
3. Valorize comportamentos e não apenas técnica: comportamentos inatos e perfis de linguagem distintos criam experiências e práticas que tendem a ser cada vez mais valorizadas, respeitadas e aplicadas como diferencial competitivo em equipes.
4. Invista em conhecer os perfis de linguagem das equipes: autoconhecimento e habilidades interpessoais serão cada vez mais importantes e valorizados.
5. Eleve a gestão de pessoas ao mesmo patamar das metas financeiras: assim líderes receberão condições e recursos para gerenciar equipes com tranquilidade e suporte.
6. Invista na cultura organizacional: valores, crenças, comportamentos e rituais são fundamentais para disseminar aquilo que representa as pessoas na organização. Cultura vivida e marcas autênticas são cada vez mais preferidas pelas pessoas.
7. Adote novos modelos de organização do trabalho: experimente modelos mais autônomos, colaborativos e ágeis e fuja dos modelos verticais e burocráticos.
8. Premie acertos e abra-se sem medo ao erro: inovação pressupõe risco. Quem não arrisca não inova. Promova ambiente que ofereça condições de aprendizado.
9. Abuse da Inteligência Artificial: operações que podem ser realizadas por IA garantem mais tempo livre, criatividade e inovação. Estimule projetos-piloto.
10. Formalize os espaços de escuta: ofereça equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e acolha necessidades humanas. Revisite modelos de feedback e estruturas muito engessadas de avaliação.

Um ótimo novo ano para todos nós. Que sejamos felizes!